Desde a passada noite (2 de janeiro) que a lagoa de Óbidos, finalmente, ficou ligada ao mar. As obras de emergência, iniciadas nessa manhã, foram determinantes para que os níveis de água voltassem ao normal, salvaguardando, ao mesmo tempo, todo o ecossistema da lagoa. Recorde-se que a lagoa, cuja ligação ao mar esteve fechada nas duas últimas semanas, atingiu ontem o caudal máximo, chegando mesmo a causar o alagamento de zonas ribeirinhas nos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Óbidos, que acompanhou durante todo o dia o desenrolar dos trabalhos, “na sequência do fecho da aberta, o corpo da lagoa aumentou e já ultrapassou as margens”. Humberto Marques explica que a última vez que esta situação ocorreu foi em 1995 e voltará a acontecer “enquanto o corpo da lagoa não for maior”.
Também do ponto de vista ambiental, estes trabalhos de emergência acabaram por ser importantes, uma vez que “a não oxigenação das águas podia levar, sobretudo no corpo mais junto aos braços da lagoa, à morte de bivalves, peixes e a alguma alteração, eventualmente, da classificação dos bivalves”, esclarece Humberto Marques.
E se esta foi uma solução de emergência, estão previstas paras os próximos dois anos, e com apoio de fundos comunitários, dragagens mais profundas em todo o corpo da lagoa. No entanto, a construção de um muro guia, que fixe a aberta, é uma ideia que não agrada aos autarcas dos concelhos de Óbidos e Caldas da Rainha. “Ninguém nos garante que este muro guia não venha a ser um intruso na paisagem deste ecossistema maravilhoso e que cujo efeito seja zero”, sublinha Humberto Marques.
O Ministério do Ambiente está recetivo a estudar uma solução alternativa à construção desse dique para fixar a aberta, “mas há que encontrar uma solução mais estável que garanta que a aberta não feche com tanta periodicidade”, afirmou hoje de manhã o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, de visita à Lagoa de Óbidos.
O projeto, orçado em cinco milhões de euros, prevê a dragagem de 735 mil metros cúbicos de areia e a construção do muro guia, para fixar a aberta. Porém, porque a construção do muro é contestada pelas duas autarquias, Paulo Lemos admite que o projeto inicial possa ser alterado. “O próprio LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] quando fez o estudo disse que não garantia que fosse uma solução efetiva”, adiantou Paulo Lemos, que marcou para a segunda quinzena de janeiro uma sessão de trabalho com os técnicos do laboratório, da Agência Portuguesa de Ambiente (APA) e as autarquias, para estudar alternativas.