Propaganda desenhada por Abílio _ Anos 30, 40 e 50 é uma pequena mostra do muito trabalho produzido por Abílio de Mattos e Silva (1908-1985), como gráfico, ao serviço do Ministério da Agricultura, bem como das ações então desenvolvidas para a divulgação do turismo nacional. A exposição inaugura dia 17 de maio e termina a 31 de dezembro, no Museu Abílio, na Praça de Santa Maria, em Óbidos.
A linha de trabalho desenvolvida por este artista (também cenógrafo, figurinista e pintor) enquadrava a política que chamou a si, pela mão de António Ferro, artistas com diferentes abordagens e filosofias de intervenção.
Esta exposição contempla um conjunto de áreas de trabalho deste artista multidisciplinar, entre os quais encontramos o cartaz, o desenho, o esboço, a capa do livro, o figurino e peças, onde todos estes elementos associados traduzem a força da mensagem de um Portugal rural, tradicional e popular.
Apresentar novos pontos de partida para um conhecimento mais aprofundado de um dos artistas plásticos mais interessantes do Século XX é o propósito desta iniciativa. É ainda expressão de uma luta e contributo contra o esquecimento de quem, entre tanto talento manifestado nas diversas linguagens e atividades artísticas, das artes plásticas às artes performativas, soube, de modo memorável, traça e pintar Óbidos como ninguém.
Algumas notas sobre o trabalho de Abílio de Mattos e Silva
A atividade como pintor começa a manifestar-se mais assiduamente entre 1931 e 1936, período em que viveu na Nazaré e onde foi mantendo contacto com pintores estrangeiros que por ali passavam. Óbidos torna-se num local de eleição para a sua pintura com uma produção artística de tal ordem que hoje existe uma coleção considerável de obras relacionadas com a vila. A sua presença no teatro, bailado e ópera começou precisamente com o desenho dos figurinos e cenários da peça Tá-Mar, de Alfredo Cortez, em 1936. Desde aí, até ao final da carreia consagrou-se de tal forma que a produção artística que hoje existe é de grande importância e qualidade, nomeadamente o espólio existente no Museu Nacional do Teatro e no Museu Abílio de Mattos e Silva, em Óbidos.
Enquanto funcionário do Ministério da Agricultura o seu trabalho a nível gráfico foi marcante, fazendo parte de grandes campanhas promovidas pelo Estado Novo, tendo até ganho prémios a nível internacional. Para o Teatro do Povo, Abílio, produziu inúmeros figurinos e cenários, como por exemplo, para a peça de Gil Vicente, Dom Duardos e O Rei Lear (King Lear) de Shakespeare. No bailado, elaborou figurinos para o bailado Heroico e outros, integrados no projeto Verde Gaio, do SNI. Com uma vasta obra, este artista deixou-nos um legado de inegável valor histórico e cultural. Temos, hoje, no Museu Abílio, em Óbidos, e no Museu Nacional do Teatro uma coleção de trabalhos importantes para o estudo das artes performativas neste período.