Inaugurou, no passado dia 30 de maio, às 17 horas, na galeria novaOgiva, em Óbidos, a exposição de Sofia de Medeiros “A Linguagem das Flores”. A mostra estará patente até 15 de setembro.
“Sofia de Medeiros convoca para o mundo da arte, através de uma estratégia lúdica de reutilização de formas, materiais e técnicas artesanais tradicionais, os papéis sociais que nos são incutidos desde cedo (desde as “origens”), e em particular no caso das mulheres, sublinhando a prevalência dessas projeções culturais até aos nossos dias.
Interessam-lhe as categorias mentais da longa duração (histórica) – tais como o “amor” e o “trabalho” – que estruturam a existência humana e, sobretudo, constroem identidades de género, com funções e expectativas específicas, destinadas a manter uma determinada ordem na vivência comum (em “comunhão”, em sociedade).
Daí que alguns títulos das peças que agora se apresentam estejam relacionados com os romances cavaleirescos – veículos expeditos de uma fórmula amorosa disciplinadora –, ou com estereótipos da literatura infantil, para além das referências mais diretas a comportamentos habitualmente adstritos à condição feminina e a tradições musicais e gastronómicas cruciais na instituição de uma lógica de identificação local ou até mesmo nacional.
São objetos que se prestam à contemplação de um sincretismo formal que é também polissémico, reiterando explicitamente a origem fetichista (de coisa-que-enfeitiça) da produção artística. São obras que resultam do ritual dos afetos, corporificando na sua essência criativa a complexa tecitura da nossa existência profundamente singular (ímpar, solitária). “Há uma mulher talvez na palavra solidão”, escreveu o poeta António Ramos Rosa e diz-me a Sofia na preparação desta exposição.”
Lúcia Marques, co-curadora
Biografia
Sofia de Medeiros tem 37 anos, é natural da ilha de S. Miguel. É Mestre em História da Arte pela Universidade Lusíada de Lisboa. É licenciada em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Foi bolseira no programa Sócrates/Erasmus em Inglaterra. Lecionou a área das Artes Visuais desde 1999, passando por escolas em Portugal Continental e S. Miguel. Pertence ao quadro da Escola Secundária Antero de Quental. É artista plástica e expõe coletiva e individualmente desde 1997, participando igualmente em bienais, simpósios e concursos.
Está representada em várias coleções públicas, das quais se destacam, a Presidência do Governo Regional dos Açores; Direção Regional da Cultura dos Açores; Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada; ARTCA, Museu de Angra, Museu Carlos Machado, Câmara Municipal de Loures e de Abrantes e ainda privadas, como a Fundação Convento da Orada, entre outras.
Foi nomeada para o cargo de Diretora de Serviços do Centro Regional de Apoio ao Artesanato em Abril de 2011.