Recomeça hoje, quinta-feira, 31 de julho, mais um Mercado Medieval de Óbidos. Até domingo, dia 3 de agosto, os visitantes poderão mergulhar na História e vivenciar o cerco que a vila sofreu, em 1246, e que dá o mote ao evento deste ano.
Segundo Ricardo Ribeiro, administrador da empresa Municipal Óbidos Criativa, “o Mercado Medieval, nesta 13.ª edição, está a ser espetacular”. O responsável garante que “a recetividade por parte dos visitantes tem sido muito boa e aquilo que mais realçam é a atmosfera que se vive em Óbidos” e isso “é, talvez, aquilo que nos distingue dos outros eventos medievais”.
Portanto, “aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de vir até Óbidos, o convite fica feito. Venham, porque, do ponto de vista da animação, dos torneios, da indumentária, de toda a vivência e da gastronomia que se vive em Óbidos, é uma oportunidade fantástica, porque eventos como o Mercado Medieval são únicos e darão, com certeza, o tempo por muito bem empregue”, convida.
Recorde-se que Óbidos está a reviver o cerco de 8 meses que a vila viveu em 1246. Um cerco à vila pelo Conde de Bolonha, que será o futuro rei D. Afonso III, nas lutas de hegemonia que o opuseram ao seu irmão, o então rei D. Sancho II. Neste conturbado período, a vila manteve-se fiel ao seu soberano.
Apesar das intenções do futuro Afonso III serem as de obrigar os habitantes de Óbidos a reconhecerem-no como legítimo soberano, a verdade é que numa assembleia convocada pelo alcaide D. Fernando, governantes e nobres juram continuar fiéis a D. Sancho. O cerco durou oito meses, apesar das tentativas conciliatórias do Conde de Bolonha, e o recurso às armas foi inevitável. A estoica resistência de Óbidos forçou ao levantamento do cerco e à marcha sobre Coimbra, só cedendo a vila a sua coalizão aquando da morte de D. Sancho II.
Após este Cerco ao Castelo associado ao Conde de Bolonha, surge o ímpeto pela qual Óbidos foi reconhecida, “muy nobre e sempre leal vila d’Óbidos”, enaltecendo a lealdade que os habitantes da vila tiveram por D. Sancho II. A este Cerco, muitos outros se seguiram nos séculos posteriores, conseguindo Óbidos sempre manter o Cerco, levando a questionar a forma como tal seria possível, dado que, o Cerco referido terá durado cerca de oito meses e seria impossível sobreviver a um Cerco tão longo sem que tivessem acesso a mantimentos de alguma forma.
Foi crescendo a ideia de que, tal só seria possível através de uma rede de túneis secretos que permitiam o abastecimento dos habitantes da vila nestes momentos de cerco, apesar de, a nível arqueológico, não existirem nenhumas indicações nesse sentido. Esta ideia dos túneis tornou-se mais evidente na tradição oral pelo nome segundo o qual os obidenses ainda hoje são conhecidos: os toupeiros.
Informações adicionais em www.mercadomedievalobidos.pt.