Três portuguesas nos oitavos de final pela primeira vez este ano

3.º Obidos Ladies Open

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Três portuguesas qualificaram-se ontem (quarta-feira) aos oitavos de final do 3.º Obidos Ladies Open, o terceiro e último da série de torneios da Federação Internacional de Ténis (ITF), cada um com 25 mil dólares em prémios monetários, a contarem para o ranking mundial WTA, que foram organizados pela Bom Sucesso Tennis Academy.

Maria João Koehler (MJK), de 25 anos, 727.ª no ranking mundial; Francisca Jorge de 18 anos, 764.ª da lista WTA; e Cláudia Gaspar, de 23 anos, 1204.ª da hierarquia internacional, foram as três “mosqueteiras lusas” que seguiram em frente e disputam a segunda ronda hoje (quinta-feira), numa jornada que se inicia às 10h30.

O maior feito talvez tenha sido o de Cláudia Gaspar, estudante do mestrado em Economia na Universidade Católica de Lisboa, que derrotou a única portuguesa que entrou diretamente no quadro principal, Inês Murta, de 20 anos, 607.ª no ranking mundial e um dos elementos da seleção nacional da Fed Cup.

É certo que Murta está a regressar à competição depois de uma paragem de dois meses devido a ruturas de ligamentos nos dois tornozelos e nota-se que comete ainda muitos erros, mas não deixa de ser um excelente triunfo da jogadora de Leiria que treina no LX Team, carimbado pelos parciais de 6-4 e 6-3, em 1h40.

«Nunca tinha jogado uma primeira ronda de um torneio de 25 mil dólares, com a Murta é sempre aquela coisa de ela ser supostamente melhor do que eu, mas sei que posso ganhar, ainda por cima, sendo amiga dela, era pior ter de lidar com isso, mas consegui e foi uma boa vitória para mim», disse Cláudia Gaspar que não passava uma ronda em torneios ITF desde que foi quartofinalista em Cantanhede em julho último.

Agora vem aí a 6.ª cabeça de série, a turca Pemra Ozgen, de 31 anos, 374.ª no ranking mundial. Será um primeiro confronto entre ambas, nunca antes do meio-dia.

«Nunca a vi jogar», admitiu Cláudia Gaspar. «Eu já a vi jogar e não é impossível», replicou, por seu lado, o treinador Vasco Martins, do LX Team.

Das três portuguesas que venceram ontem, Francisca Jorge foi a única que defrontou uma estrangeira, a ‘qualifier’ espanhola Olga Parres Azcottia, de 25 anos, 972.ª WTA, que no ‘qualifying’ tinha eliminado a portuguesa Alexandra Silva.

O duelo estava originalmente marcado para o campo n.º3, mas o diretor de torneio, Nuno Mota, solicitou ao juiz-árbitro Marco Romão que o transferisse para o court central e o resultado de 6-3 e 6-4, em 1h34 satisfez o público local.

«Ter uma portuguesa no quadro principal já é muito bom, mesmo sendo por convite como é o meu caso, mas se o Nuno Mota apostou no meu nível de ténis, agradeço e espero ter mostrado um bom nível», começou por dizer Francisca Jorge, que este ano já tinha sido quartofinalista de um torneio ITF na Tunísia e que depois de três semanas em Óbidos chegou aos seus primeiros oitavos de final nesta relva sintética.

«Nós temos um limite de três wild cards por ano, por isso têm de ser bem geridos, e como são torneios de 25 mil, com um nível superior, usei as duas primeiras semanas como habituação às condições de jogo.

«Por outro lado, normalmente, a terceira semana de uma série de três tende a não ter um nível tão alto como os dois torneios anteriores», explicou Francisca “Kika” Jorge, referindo-se ao facto de só ter pedido um ‘wild card’ para o quadro principal esta semana, depois de ter jogado o ‘qualifying’ nos dois torneios anteriores.

Hoje, logo às 10h30, defronta a 3.ª cabeça de série, a britânica Katie Swan, de 19 anos e 315.ª mundial, campeã em Óbidos em outubro último.

Se Francisca Jorge e Cláudia Gaspar usaram da melhor maneira os convites oferecidos pela Federação Portuguesa de Ténis em colaboração com o diretor de torneio, Nuno Mota, Maria João Koehler, pelo contrário, teve de passar pela fase de qualificação.

Pela frente, MJK teve uma compatriota, considerada uma promessa do ténis nacional, Maria Inês Fonte, a campeã nacional de sub-16.

Foi uma batalha de 2h58 ganha pela antiga hexacampeã nacional, com os parciais de 6-1, 4-6 e 6-4. Não foi um encontro bonito, mas trouxe ao de cima as qualidades de lutadoras de ambas.

MJK está longe do nível que a levou a ser 102.ª classificada no ranking mundial, mas a sua atitude levou-a a vencer já 4 encontros seguidos, tendo jogado em seis dos últimos sete dias: um encontro e meio no chamado ‘Torneio do Wild Card’, dois duelos no ‘qualifying’ e agora um no quadro principal.

Maria Inês Fonte, depois de ter derrotado Inês Murta nos quartos de final do último Campeonato Nacional Absoluto Troféu Pinto Basto, esteve perto de nova surpresa.

«É uma miúda que joga muito bem, tenho boas referências dela, foi a primeira vez que jogámos mas já tínhamos treinado juntas algumas vezes, gosto muito de vê-la jogar, gosto da atitude dela e tem muito potencial. Ontem estava muito vento, não acho que tenha sido um encontro propriamente bonito (…) e foi mais uma batalha dura sem ter jogado o meu melhor ténis», admitiu a internacional portuguesa da Fed Cup.

MJK terá agora a dura tarefa de enfrentar hoje, nunca antes das 13h30, a 1.ª cabeça de série, a australiana de origem russa Arina Rodionova, de 28 anos e 131.ª no ranking mundial.

«Joguei contra ela na última ronda do ‘qualifying’ do Open da Austrália de 2013, na altura ganhei-lhe por 6-1 no terceiro set, obviamente numa altura em que estava num momento de forma diferente, mas espero pelo menos conseguir soltar-me e jogar o meu melhor ténis. Mas tenho de tentar agora recuperar fisicamente porque ontem joguei singulares e pares», disse MJK, que está pela terceira vez este ano nos oitavos de final de torneios ITF.