O Plano de Gestão Ambiental da Lagoa de Óbidos de compreende duas intervenções de Dragagem: da Zona Inferior, já concluída; e da Zona Superior que se encontra em fase final de preparação.
O projeto de execução para a empreitada relativa às dragagens da zona superior da Lagoa de Óbidos contempla um conjunto de intervenções, como sejam:
• Dragagem dos canais de ligação do corpo da lagoa aos Braços da Barrosa e do Bom Sucesso, à cota 0,0m (zero hidrográfico, ZH), secção trapezoidal com inclinação dos taludes de 1V:10H e rasto de 30 m a 40 m;
• Dragagem de bacias no delta do rio Real e no Braço da Barrosa, à cota +1,0 m (ZH) para criação de bacias de sedimentação do material transportado pelas linhas de água afluentes;
• Valorização da zona a montante da foz do rio Real, numa área de 78 ha, contemplando uma requalificação ambiental e paisagística de uma área atualmente ocupada por depósitos de antigas dragagens;
• Deposição dos sedimentos dragados diretamente no mar, em praia imersa, a sul da embocadura da lagoa de Óbidos e do Gronho, contribuindo para a minimização da erosão costeira neste troço de costa e evitando assim o impacte resultante de milhares de viagens de transporte por camião a depósitos provisório e definitivo.
A dragagem será realizada, provavelmente, com a utilização de 2 dragas e 3 estações intermédias de bombagem (boosters), uma vez que se prevê que a distância de repulsão na praia imersa se situe até cerca de 5 Km das áreas a dragar.
Os sedimentos dragados serão conduzidos até ao mar através de tubagens flutuantes, pelo menos na maioria do trajeto, interligadas às dragas e estações intermédias, até ao ponto de repulsão na praia imersa a sul da arriba do Gronho, a qual será realizada por jato de areia e água (método de rainbow) depositando cerca de 100 m da linha de preia-mar.
Sendo na costa oeste a deriva de norte para sul, os sedimentos tenderão a deslocar-se nessa direção e após circulação na água do mar a depositar-se em parte nas praias a sul do Gronho, contribuindo assim para o reforço do cordão dunar e proteção da costa marítima.
Especificamente sobre as dragagens podem referir-se os seguintes valores:
• Canal comum 700 m
• Canal do Braço da Barrosa 1 600 m
• Canal do Braço do Bom Sucesso 1 200 m
• Canal da foz do rio Real 500 m
• Comprimento total 4 000 m
Volume: cerca de 310 000 m3 de siltes e siltes argilosos
• Dragagem de superfície na foz do rio Real 11 ha
• Dragagem de superfície no Braço da Barrosa 16 ha
Volume: cerca de 540 000 m3 de siltes e siltes argilosos
A empreitada terá, assim, um volume total de dragagem de cerca de 850.000 m3, tendo por objetivos:
•Contribuir para o aumento da superfície e volume da Lagoa;
• Melhorar a qualidade da água armazenada;
• Contribuir favoravelmente para a hidrodinâmica e o prisma de maré da Lagoa;
• Evitar o isolamento dos Braços da Barrosa e do Bom Sucesso;
• Contrariar a progressão da foz do rio real sobre o corpo principal da Lagoa;
• Robustecer o cordão arenoso litoral que protege a Lagoa da agitação marítima.
O projeto técnico de execução desta empreitada está concluído, estando agora a ser sujeito à Decisão de Conformidade Ambiental do projeto de execução, com vista ao lançamento da fase final do concurso público internacional com prévia qualificação para adjudicação da correspondente intervenção de obra, a qual terá um prazo de execução de 18 meses. Este concurso será lançado, o mais tardar, até ao final do ano.
Durante a execução dos trabalhos está já prevista a realização da monitorização da hidrodinâmica da lagoa, a monitorização ambiental da qualidade da água, sedimentos, ecologia, fauna e flora (antes, durante e após as dragagens) e o acompanhamento arqueológico da zona abrangida.
Para o efeito será efetuada uma campanha de recolha e análise dos sedimentos a dragar, a efetuar por entidade oficial e idónea (IPMA), previamente ao início da dragagem para confirmação da qualidade dos sedimentos já identificada em fase de projeto.
O Laboratório Nacional de Engenharia Civil fará o estudo comparativo do comportamento hidrodinâmico da lagoa, antes, durante e após a realização das dragagens.
A obra deverá assim iniciar-se no primeiro semestre de 2019.
Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente