Uma “máquina” para ver a Lua foi um dos engenhos desenvolvidos, em Óbidos, no âmbito do MyMachine, um projeto educativo que desafia as crianças a materializarem as suas ideias através da construção de “máquinas” que vão resolver problemas do mundo, e que serviu de tema para uma mesa redonda esta tarde, 11 de Outubro, na Casa José Saramago, no âmbito do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos.
O objetivo da sessão foi a de apresentar o livro “What Is Your Dream Machine? How children change education worldwide”, com a presença de um dos fundadores do projeto, Piet Grymonprez, mas rapidamente se passou para um debate sobre a necessidade de transformar o ensino a nível mundial.
O projeto MyMachine surgiu em Kortrijk (Bélgica), através da Universidade de Howest, e está implementado em diversos países (Bélgica, França, Eslovénia, Eslováquia, Portugal, África do Sul, EUA e Noruega).
Segundo Piet Grymonprez, o objetivo inicial era o de levar mais criatividade e empreendedorismo ao sistema de ensino – demonstrando como pode ser divertido ter ideias e concretizá-las, sem os constrangimentos que os adultos têm – e, ao mesmo tempo, fazer a ligação entre os vários níveis de ensino (do básico ao superior).
Em Portugal, Óbidos foi pioneiro no desenvolvimento deste projeto, há cinco anos, através do Parque Tecnológico de Óbidos (PTO), Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos (alunos do 1º Ciclo que desenvolvem as ideias), Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (no design da máquina) e do CENFIM – Caldas da Rainha (concretização final). O Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor juntou-se recentemente ao projeto para integrar a fase de construção.
Miguel Silvestre, diretor executivo do PTO, contou que fizeram questão de abraçar esta iniciativa, por se entender que as crianças de Óbidos deveriam também poder ter os seus sonhos e desenvolver as suas máquinas. Desta forma, desenvolvem as competências de aprender a sonhar, trabalhar em equipa e concretizar algo.
Presente nesta sessão esteve também Edgar Andrade, fundador do Fab Lab Recife (Brasil), que reforçou a necessidade de transformação da Educação, de modo a não destruir a criatividade das crianças. O brasileiro referiu ainda que veio a Óbidos com o sentido de poder vir a ser “porta de saída” do Brasil para o mundo, de outros projetos que está a desenvolver neste âmbito.
Até ao final do FOLIO está patente, na Casa José Saramago, a exposição com aos projetos do MyMachine Portugal, dos concelhos de Óbidos, Vila Nova de Famalicão e Campo Maior.