A importância da água na sociedade medieval foi o mote para mais um webinar em Óbidos

O próximo encontro será dia 25 de Fevereiro e será sobre a Peste Negra

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No passado dia 28 Janeiro assistimos ao webinar – A água o dá, a água o leva: a importância da água na sociedade medieval – onde contámos com a presença de duas das maiores medievalistas portuguesas Isabel Freitas e Manuela Santos Silva e com a moderação de Bruno Silva – técnico superior de história do Município de Óbidos.

Debateu-se a importância da água enquanto elemento presente no quotidiano medieval, essencial ao desenvolvimento da vida, das atividades económico-sociais, da regeneração da paisagem e da subsistência humana.

Óbidos, na época, era um local privilegiado dado estar servido por uma boa extensão de costa marítima e de cursos de água, aprazíveis à prática da pesca, onde o peixe – de água doce, salobra e salgada -, mariscos, baleias e o sal marinho eram abundantes. A existência de costa marítima e de outros recursos hídricos alanvancou a criação de profissões ligadas à captura e comercialização do peixe e marisco, contribuindo, inevitavelmente, para a diversificação da dieta alimentar da altura.

Já neste período havia a preocupação em manter espécies sadias e em boa quantidade levando à remoção de areias e de outros sedimentos que se depositavam frequentemente nos rios e na Lagoa, tapando as ligações com o mar e/ou criando áreas de água estagnada.

Para além da relevância dos cursos de água e da costa marítima, a água era imprescindível nas lides domésticas, nomeadamente na lavagem da roupa, para dar de beber aos animais, para abastecimento de cidades, vilas e aldeias (através de fontes, chafarizes, bicas) e era essencial ao funcionamento de açougues, curtumes, peles e couros.

A água assume, neste período da história, um papel importante no imaginário do homem medieval, marcando presença na música, nas canções de amigo, na pintura, na literatura, nas narrativas da história e das estórias onde os romances e relatos de sofrimento, por perda ou afastamento da pessoa amada, decorriam, usualmente, junto a um rio ou próximo do mar.

No próximo mês de Fevereiro, dia 25, daremos continuidade a este ciclo de conversas, iniciado em Julho de 2020 com uma palestra sobre a Peste Negra na Idade Média por André Silva, sobre temáticas da época medieval. O próximo tema a ser explorando é o Fogo enquanto elemento essencial à vida, ao quotidiano, à confeção dos alimentos, ao aquecimento da casa e à iluminação das ruas, praças e estradas. Numa época em que o fervor religioso está profundamente enraizado quer pela apologia do pecado, da ansiedade e do medo como uma representação do Inferno e do Mal, marcando, profundamente, a mentalidade do homem medieval.

Estas duas conversas são o reflexo dos temas e das palestras trabalhados no Mercado Medieval de 2018 e 2019 tento como principal objetivo democratizar a difusão da história e cultura portuguesa através dos meios digitais.