“O combate à iliteracia digital é cada vez mais importante” para evitar ataques no ciberespaço

FOLIO Tec - Festival Literário Internacional de Óbidos

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FOLIO 2022 - FOLIO TEC Mesa Vidas Binárias As biografias não autorizadas dos metadados Que narrativas são ou podem ser construídas das nossas vidas através da nossa pegada digital? Pode a complexidade humana ser contada em uns e zeros? Com Jorge Pinto (AP2SI) e Mário Antunes (IPLeiria). Moderação de Miguel Silvestre MUSEU ABÍLIO DE MATTOS E SILVA Foto: Verónica Paulo

“O combate à iliteracia digital é cada vez mais importante” para evitar ataques no ciberespaço, defendeu ontem, 12 de Outubro, Mário Antunes, professor do Politécnico de Leiria e um dos oradores da segunda e última mesa do FOLIO Tec, subcapítulo do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, subordinada ao tema “Vidas Binárias – As Biografias não autorizadas dos Metadados”.

“Uma boa parte dos ciberataques a que assistimos hoje não acontecem por falta de tecnologia. Derivam, sim, do mau comportamento das pessoas”. Os casos de phishing, por exemplo, “estão cada vez mais sofisticados e afetam os utilizadores mais informados”. “O combate à iliteracia digital e formação continua é, por isso, cada vez mais importante”, defendeu, deixando um alerta aos jovens para que estejam atentos aos jogos e às aplicações.

Perante uma plateia repleta de estudantes, Jorge Pinto, da Associação Portuguesa para a Promoção da Segurança da Sociedade da Informação (AP2SI), disse: “A informação que existe, seja ela qual for, pode sempre ser interessante para alguém. E essa informação pode ser utilizada para diferentes fins. Há que ter a consciência da informação – sobretudo a privada – de que estamos a abdicar para usufruir de alguns serviços” – como as apps, por exemplo.

“O modelo de negócio das empresas que operam na Internet reside nos nossos dados (para nos enviarem anúncios). Quando alguma coisa é de borla, significa que o produto somos nós. Neste contexto, o produto são os nossos dados”, reforçou Mário Antunes.

“Na prática, nós, desde que nascemos, deixamos uma razoavelmente grande pegada digital. E como qualquer caminho que fazemos, essa pegada pode ser positiva ou negativa”.
“Estamos, no fundo, a criar um Gémeo Digital, conceito que significa criar algo em formato digital a partir de algo que já existe”, notou Jorge Pinto. Um conceito que, “quando aplicado a uma pessoa, reflete todas as pequenas pegadas digitais que vamos deixando”. E essas pegadas, essa informação, podem ser facilmente utilizadas por terceiros, “que não sabemos quem são”.