Depois do êxito que foi a edição 2023, com plateias esgotadas, o Festival de Ópera de Óbidos (FOO) está de regresso, entre os dias 6 e 15 de setembro, para “surpreender o público com um cartaz de nível superior”, garante o presidente do Município, Filipe Daniel.
O evento – que este ano estende e adapta a sua programação ao Convento de São Miguel (Gaeiras), à Praça da Criatividade e, reflexo de uma estratégia de aproximação à comunidade, ao Olho Marinho (Olhos d’Água – Largo da Fonte) – pretende posicionar-se no circuito da ópera, mas também “enriquecer a nossa população, o nosso território”, afirmou esta segunda-feira o autarca, na conferência de imprensa de lançamento e apresentação do festival.
“Queremos ter um conjunto de eventos ecléticos, que chegam a vários públicos e impactam várias gerações”. Ao mesmo tempo, “ao estarmos a levar o evento à comunidade, estamos a envolver um público que, de outra forma, não assistiria a este tipo de espetáculo”. “A elevação cultural é também aqui um objetivo”, sublinhou Filipe Daniel, para quem o FOO é, sem dúvida alguma, uma aposta ganha.
“Este é um festival de referência a nível nacional e que, esperamos, possa vir a tornar-se uma referência a nível internacional”.
Estabilidade, versatilidade e qualidade
Rui Morais, presidente da ABA, Banda de Alcobaça Associação de Artes, sustenta o sucesso do Festival de Ópera em três dimensões: estabilidade, versatilidade e qualidade.
“Estabilidade porque este é um projeto ancorado a quatro anos. As artes performativas precisam de tempo para se afirmarem e é uma honra trabalhar com o Município de Óbidos neste festival a médio-longo prazo”, referiu.
“Versatilidade porque um dos grandes desafios do evento é conseguirmos adaptá-lo aos diferentes espaços. E este ano, esse desafio é ainda maior”. A par da versatilidade, também a qualidade é um dos pilares da organização do festival. “Nada se faz sem qualidade. Tal como no ano passado, tivemos muito cuidado com todas as vertentes da organização – da programação aos intervenientes – o que foi fundamental para o sucesso do projeto”.
“A Filha do Regimento”
A grande produção da edição deste ano, que explora a temática do feminino sob o espectro “A Tragédia e a Comédia”, é “A Filha do Regimento”, de G. Donizetti, que se faz acompanhar da ópera-tango “María de Buenos Aires”, de A. Piazzolla, de “O Último Canto – Camões e o Destino”, de C. Viana, além de uma Gala de Ópera dedicada a G. Puccini.
Será uma adaptação a estrear no festival, a partir do original de Gaetano Donizetti com libreto de Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges e Jean-François Alfred Bayard.
“É uma ópera que inclui texto falado e cantado, e que vai ser apresentado em francês com legendagem”, explicou o encenador Jorge Balça. Na sua opinião, “este festival é um contributo de peso para o universo operático”. “Começamos a ‘fazer barulho’, já a nível internacional”.
“Para mim vai ser um desafio enorme, porque vou ao extremo da comédia e do dramatismo”, afirmou, por seu turno, a soprano Beatriz Maia, que assumirá o papel da protagonista Marie.
José Rafael Rodrigues, vice-presidente da ABA – Banda de Alcobaça e coordenador executivo do festival, referiu que é grande a expectativa para esta produção, que conta com um grupo alargado de solistas, com destaque para a jovem promessa croata Valentino Blasina (tenor), que atua presentemente em Viena de Áustria.
O responsável destacou a atenção às efemérides, já que o programa deste ano leva também a palco obras do poeta Luís Vaz de Camões, no contexto celebrativo do quinto centenário do seu nascimento.
A Gala de Ópera é outro dos pontos altos do FOO. “Uma celebração muito bonita da ópera”, onde serão interpretadas algumas das árias mais famosas de “Tosca” e “La Bohéme”, entre outras obras conhecidas do público.
FOO em retrospetiva
O Festival de Ópera de Óbidos, que marcou toda uma geração de profissionais e melómanos, esteve inativo durante os últimos anos. A ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes, na sua candidatura ao Apoio Sustentado da Direção Geral das Artes para o período 2023-2026, afirmou como um dos seus objetivos o ressurgimento deste festival, estabelecendo para o efeito uma parceria estratégica com o Município de Óbidos.
Com esta parceria, pretende-se dar uma nova vida ao Festival de Ópera de Óbidos, dotando-o de condições para que possa ambicionar um futuro sustentável e com capacidade de crescimento, contribuindo para colocar Portugal no circuito global de ópera.
Após um longo interregno deste evento implementado entre 2004 e 2011, foi possível, deste modo, voltar a proporcionar um encontro feliz entre a Ópera e a região Oeste, posicionando Óbidos no panorama operático nacional e internacional.
Na edição de 2023, foram mais de 2.500 os espectadores que acorreram à chamada do FOO para viverem emocionantes tardes e noites de ópera. Oito apresentações em sete dias, que levaram a arte lírica a um palco patrimonial, não convencional, e cujo balanço espelha o sucesso artístico e o retorno da aposta para uma edição de 2024 que celebra nomes como Donizetti, Piazzolla, Camões e Puccini.
Resultado de uma candidatura à DG Artes, envolve um investimento, a quatro anos, superior a um milhão de euros, representando cerca de 330 mil euros de investimento, por ano, 80 mil euros dos quais do município. “É um apoio estruturante para aquilo que queremos desenhar para o nosso território, não só para agora como a médio, longo prazo”, afirma Filipe Daniel.
Os bilhetes estão já à venda nos locais habituais (na Blueticket, Fnac, Worten, mas também junto à Porta da Vila, em Óbidos, e nos diferentes locais dos espetáculos).
O Festival de Ópera de Óbidos é uma organização da ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes, em parceria estratégica com o Município de Óbidos, com o apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção Geral das Artes e com o apoio à produção da Anuartis.